Entenda que passar tempo demais dentro da academia não quer dizer que seus treinos sejam intensos
Todos ouvimos falar que quanto maior o estresse muscular,
maior tende a ser seu desgaste (óbvio) ocasionando maior recuperação no
período pós-treino, não é mesmo? Mas até que ponto podemos entender
isso como verdade absoluta e até mesmo ao pé da letra?
É óbvio que o desgaste muscular
correto, no período de recuperação, tenderá a ser recuperado, através
da alimentação, e gerará ganhos maiores. Todavia, esse estresse deve ser
na medida correta, pois, caso contrário, certamente teremos o efeito
totalmente inverso do esperado.
Passar 90 ou 120 minutos
dentro de uma academia dando o máximo de si, não quer dizer que seus
ganhos sejam necessariamente maiores ou melhores do que quem passa 40
minutos dentro da mesma academia com um treino muito menos volumoso.
Aliás, é muito mais provável que o indivíduo que passe 40 ou 50 minutos
lá dentro tenha ganhos mais expressivos do que quando comparado ao
“Frank Columbo II”.
O desgaste muscular
é importante para ocasionar não tão somente microlesões musculares
(refazendo as fibras no descanso), mas também para induzir a uma hipertrofia sarcoplasmática,
isto é, causando o aumento de retenção de líquidos no citoplasma,
aumento na capacidade de DNA e, óbvio, no tamanho da organelas
celulares. E, contraposto a tudo isso, ainda devemos levar em
consideração as adaptações neuromotoras, morfológicas e, claro, a
capacidade de retenção no músculo de algumas substâncias como
glicogênio, nitrogênio, água, sais minerais etc. Todavia, para que isso
aconteça simultaneamente, a sobrecarga tensional é mais do que
importante e necessária: É fundamental. E para isso, não é necessário um
treino longo, mas um treino pesado. E
este é o caso de comparar um indivíduo que treina 120 minutos com 40%
de sua capacidade de 1RM em todos os exercícios, provavelmente fazendo
repetições muito altas e o indivíduo que estimula o sistema neuromotor
(e força suas adaptações) em um treino de 30 ou 40 minutos com 80-85% de
sua 1RM. (Claro, isso é uma média pífia). E é óbvio que um indivíduo
que treina com essas proporções de carga tenderá a não agüentar treinar
por muito mais tempo do que isso.
O indivíduo que treina muito,
principalmente com a desculpinha ridícula de sentir a dor muscular no
dia seguinte, está mais acumulando ácido lático (pelo metabolismo
anaeróbio) do que qualquer outra coisa. Lembre-se que a prioridade do
corpo não é construir músculos e sim fazer a manutenção energética dos
outros tecidos, deixando o músculo por último plano. Logo, não custará
nada ele simplesmente começar a desviar proteínas para a via
glicolítica.
Como se não fosse
suficiente, após cercas de 60 minutos de treinos, principalmente caso
não seja feita uma refeição pré-treino adequada (e as alimentações
posteriores também), hormônios como cortisona e glucagon tentem
a predominar no corpo, fazendo com que o músculo tenha o mesmo efeito
miscroscópico de jogarmos um torrão de açúcar dentro de um corpo de
água. Pasme, mas é verdade!
Conclusão:
Treinos intensos
requerem mais do que simplesmente uma longa duração de tempo, mas sim,
intensidade no que se diz respeito a mescla entre cargas e número X de
repetições de acordo com a periodização necessária e precisa.