A pré-exaustão é um dos métodos mais antigos do treinamento de força. Sua execução consiste em realizar dois exercícios consecutivos, sendo o primeiro de isolamento (uniarticular) e o outro composto (multi-articular), ambos envolvendo um grupamento muscular em comum, como, por exemplo, realizar uma série de crucifico e logo depois uma de supino. Acredita-se que o exercício de isolamento executado antes enfatizaria o motor primário durante o exercício composto, pois a musculatura já se contraria pré-fadigada. No caso do exemplo acima o peitoral.
Bacurau et al (2001) explicam que o
trabalho isolado no primeiro exercício diminui a interferência dos
demais músculos atuantes no movimento seguinte (multi-articular).
Entretanto, há autores que defendem uma explicação oposta. Para Fleck
& Kraemer (2004) e Gentil (2005) a execução de exercícios que
envolvem pequenos grupamentos musculares antes dos grandes grupamentos,
reduziria a ativação dos músculos exercitados no primeiro exercício
devido à fadiga, conseqüentemente, favorecendo o trabalho dos demais.
Em estudo publicado por Augustsson et al
(2003), foram analisados os efeitos da pré-exaustão nos músculos da
coxa, induzida através da realização do exercício de extensão de pernas
antes do pressão de pernas. De acordo com os resultados, a execução da
mesa extensora promoveu queda na ativação dos músculos do quadríceps
femoral durante o pressão de pernas, sugerindo que as alterações podem
ter sido direcionadas para outros músculos que não foram avaliados, como
isquiotibiais, adutores e flexores plantares.
Um outro estudo publicado nos anais do
XI Congresso Brasileiro de Biomecânica, Paulo Gentil, Elke Oliveira,
Valdinar Júnior e Jake do Carmo (2005) avaliaram, através de
eletromiografia, o uso da pré-exaustão para trabalhar a musculatura do
tronco e dos membros superiores, procurando verificar a influência da
realização do crucifixo antes da execução do supino reto. O experimento
analisou a ativação do peitoral maior, deltóide anterior e do tríceps
braquial, e as comparou com as ativações obtidas no sistema prioritário,
que utiliza a ordem inversa de execução, primeiro o supino reto seguido
do crucifixo.Os resultados demonstraram um aumento significativo na
atividade eletromiográfica do tríceps braquial durante o supino reto na
pré-exaustão, quando comparado ao sistema prioritário. Nenhuma diferença
significativa foi encontrada na atividade eletromiográfica do deltóide
anterior e peitoral maior durante o supino reto na pré-exaustão e no
sistema prioritário, apesar de uma ligeira queda na atividade do
peitoral maior. Assim, os autores concluíram que o uso de um exercício
uniarticular imediatamente antes de um exercício multi-articular não
leva a um aumento da atividade da musculatura trabalhada no primeiro
exercício, mas sim a uma alteração do padrão motor, direcionando o
trabalho para os músculos menos fadigados.
É importante ressaltar que o estudo
citado acima não coloca em pauta a eficiência do método pré-exaustão com
relação aos ganhos de força e/ou hipertrofia muscular
e sim demonstra que em exercícios multi-articulares, quando a
musculatura primária começa a fadigar o trabalho muscular é
redirecionado para os músculos acessórios.
